Apenas por um minuto, me deixem gritar. Podem castrar os outros 1439 do meu dia, podem deixá-los, todos, reunidos sob comando do equilíbrio, da tranqüilidade, da minha paz de espírito e sanidade. Mas neste minuto, por favor, ninguém me segure, não me taxem louca, nem tentem me consolar. Não me considerem - ponto.
Quero apenas gritar, encher de ar os pulmões, transformar em som, em barulho, em puro grito, tudo que houver entre o útero e a garganta, entre os pés e a pineal.
Na privacidade moderna do meu carro em movimento, não consigo mais segurar. Grito. Os primeiros gritos são tímidos e é engraçado e frustrante. Ensaio de gritos, vindo de quem ainda desconhece seu potencial gritante. Respiro um pouco mais fundo. Não foi o bastante. Concentro-me. Vamos lá. Grito outra, outra, e mais outra vez. Grito alto, sem medo, movimentando toda e qualquer energia acumulada pelos cantos de meu corpo. Grito libertando minha alma, grito de raiva, de angústia, de frustração. Grito de medo, de solidão. Grito de desabafo.
Grito idéias repetidas, grito palavras não ditas, grito ações abortadas, gritos meus excessos, grito a minha falta de grito durante anos. Grito por um inteiro minuto.
Não é um grito de dor, pois há prazer, não é um grito de prazer, já que há dor. A dor e o prazer de gritar, do útero a garganta, dos pés a pineal.
Viro a esquina sem me dar conta de que esboço um sorriso. Duas curvas a frente, como que por milagre, aparece o sol. Lindo, iluminando o inverno, colorindo meu dia cinza de um minuto atrás. Respirei fundo. Agradeci com a alma, sorrindo. Estava de volta a minha paz.
Quero apenas gritar, encher de ar os pulmões, transformar em som, em barulho, em puro grito, tudo que houver entre o útero e a garganta, entre os pés e a pineal.
Na privacidade moderna do meu carro em movimento, não consigo mais segurar. Grito. Os primeiros gritos são tímidos e é engraçado e frustrante. Ensaio de gritos, vindo de quem ainda desconhece seu potencial gritante. Respiro um pouco mais fundo. Não foi o bastante. Concentro-me. Vamos lá. Grito outra, outra, e mais outra vez. Grito alto, sem medo, movimentando toda e qualquer energia acumulada pelos cantos de meu corpo. Grito libertando minha alma, grito de raiva, de angústia, de frustração. Grito de medo, de solidão. Grito de desabafo.
Grito idéias repetidas, grito palavras não ditas, grito ações abortadas, gritos meus excessos, grito a minha falta de grito durante anos. Grito por um inteiro minuto.
Não é um grito de dor, pois há prazer, não é um grito de prazer, já que há dor. A dor e o prazer de gritar, do útero a garganta, dos pés a pineal.
Viro a esquina sem me dar conta de que esboço um sorriso. Duas curvas a frente, como que por milagre, aparece o sol. Lindo, iluminando o inverno, colorindo meu dia cinza de um minuto atrás. Respirei fundo. Agradeci com a alma, sorrindo. Estava de volta a minha paz.
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