sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sobre fantasmas

Saudade. Coisa esquisita é saudade. Hoje acordei com saudade de suas palavras doces na tela do computador. Mesmo quando tantas vezes afastada por esse seu jeito estranho, cada palavra (doce!) proferida me vinha como imã: ninguém mais me entenderia, ninguém mais entenderia, só eu, que caminhava em suas linhas como a melhor das tradutoras, única intérprete de nosso próprio idioma.

Quando nossas palavras se separaram, me notei em círculos, procurando pelas minhas, palavras fantasmas que se apaixonaram pelas suas, e evadiram-se, conjuntamente.

Palavras fantasmas como as suas, que me assombram ainda hoje, como lindo e antigos cânticos, zumbindo no ouvido, como um beijo de um minuto numa noite fria. Mas não, não quero lembrar o beijo. Seria mais um fantasma pairando pela minha cabecinha de vento. Como se não bastassem as palavras... Aquelas mesmas de todos os diálogos que poderíamos construir, junto com todas as noites mal dormidas pelas quais te levaria, perdidos entre cada xícara de café, ou simplesmente entre minha louca vontade de te contar a vida inteira. Mas você não teria sono. Só teríamos mais tempo. E no final, dormiríamos o sono exausto de noites inspiradas.