quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sobre a gratidão.

A seguir, descrição detalhada de uma típica filha do vento sobre um maravilhoso feriado... (peço perdão, poucos e seletos leitores... foi preciso. É amor demais). Este é meu segundo texto de agradecimento, agora numa fase tão brilhante. E é igualmente grande. Não teve jeito.

Tive um almoço em família. Ao entrar no carro, o brilho nos olhinhos do meu irmão caçula gritava de amor. E era por mim...! Ai, que sensação é essa de ser amada. Mesmo as poucas palavras iniciais e a energia de meu pai me diziam que eu tinha feito falta.

Minha família. Essa louca e grande família, barulhenta, risonha, engraçada, apaixonante. Minha. Que linda, pensei. Todos tão estupidamente diferentes se movimentavam numa divertida dança de cadeiras, para cumprimentarem-se sem faltas até o fim do almoço. Para saber as novidades. Para tirar sarro do novo namorado. No novo corte de cabelo. Para comemorar o novo emprego. O novo carro. Para saber mais sobre a cirurgia. Para ouvir e falar. Para brindarem, degustar um prato especial, dividir a sobremesa. Que linda, pensei.

Sentada no banco de trás, por solicitação incisiva e carinhosa do pequeno, voltei pra casa alimentada.

Minha mãe, no andar dela, trabalhando no computador. Perguntou se eu tinha trazido algo de gostoso, mas eu não tinha trazido nada. Ela não ligou. Ela me ama mesmo assim. Ela sempre me ama, independente do que eu traga.

Ensaiei ir no cinema, liguei para dois ou três amigos. Uma trabalhava, outra ia num show, outro tinha outro encontro.

No computador, encontrei uma amiga que me ouviu com verdadeira atenção. Rimos de mim e da vida com verdadeira vontade. Rimos de minhas peculiaridades e eu fui feliz em transformar o que desejo mudar em risada. Em escutar criticas e conselhos com alegria. É tão difícil fazer isso. É preciso amor.

A amiga do show ligou insistindo pra eu ir. Preguiça boa de sair. Disse não sorrindo. Adorando o fato de poder dizer não e ser querida, adorando o fato de ela ter ligado. Do mesmo jeito, S. me chamou para dormir por lá. Preguiça boa de sair...

Ainda no computador, troquei três palavras com outra amiga. Ela se despediu com “vc é uma amiga maravilhosa”. Pensei em todos os dias que me senti egoísta e pouco companheira. Não costumo lembrar os dias em que fui maravilhosa. Mais uma vez, não me importavam as razões. Ela escreveu ma-ra-vi-lho-sa. Escreveu sozinha, por conta própria, com sua mãozinha de gente grande. Não, não, não vou deixar ninguém roubar meu mérito agora. E digo isso, obviamente, para mim mesma.

Prestes a acostumar com o silêncio, escuto o celular. O amigo do outro encontro. Queria saber da minha noite. “liguei pra saber o que ta rolando”. Homens, rs. Jeito engraçado de sentir saudade. Finalmente me orgulhei de ter entendido o recado.

Volto no computador. Uma patinha puxa minhas mãos teclado. Minha gata sabe que eu acho a maior graça desse gestinho dela de pedir carinho, ela sabe que não resisto. Espertinha... Ela ronrona quando eu riu e deita em cima de minha mão, provocando uma gostosa pausa nas palavras.

Antes de pegar no sono, uma mensagem de texto. Cau e eu tínhamos combinado um temaki, nada fechado, mas ela escreveu explicando que desistiu, mas “vamos marcar algo para o fds”. Doce. Sinto-me a rosa do pequeno príncipe. Sinto-me uma raposa feliz.

Sinto-me a dona da mais cheia árvore de natal.

Cada pedaço de mim experimenta alegria e amor. Sei que não plantei isso nos últimos dias, sei que em tempo recente minha energia estava quase sempre e quase toda comigo. Não é a colheita de um dia que abastece meu inverno. Esse jardim foi plantado em séculos. Rezo para ser digna dele. Rezo para saber mantê-lo. Rezo para sempre percebê-lo, para que ele não seja invisível ao meu coração.

E agradeço.
Não sei tudo que me trouxe até aqui. Mas aqui estou.

Durmo com a certeza: sou uma mulher abençoada.

2 comentários:

  1. Amo vc, minha amiga linda! Amo o seu jeito de ser, sem tirar nem por. Amo, inclusive, quando vc se afasta de mim e desvia a sua energia para a solidão. Amo, especialmente, quando desses momentos de solidão, brotam as suas palavras encantadas...
    Cau (a amiga do temaki, que continua com saudades)

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  2. Parece que já tinha lido este texto quando fiz o primeiro comentário. Ele serve para os dois.
    Te amo muito.

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